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Líderes indígenas da Amazônia brasileira denunciam a escalada da violência, as invasões de terras e a falta de proteção perante a Comissão Interamericana de Direitos Humanos

Tradução de português para inglês fornecida pelo Centro de Recursos Jurídicos da Índia

(WASHINGTON, DC – 1º de julho de 2021) O consultor jurídico da COIAB, Eloy Terena, e os líderes indígenas Alessandra Munduruku, Dario Yanomami, Maria Leusa Munduruku e Júlio Ye'kwana prestaram depoimento em uma audiência realizada pela Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH, ou Comissão) para denunciar a grave situação de invasões e violência em seus territórios indígenas. A escalada da violência nos territórios indígenas tem consequências trágicas, e é por isso que os líderes indígenas da Amazônia alertam mais uma vez a comunidade internacional sobre os riscos à vida, à saúde e à segurança que as comunidades e aldeias da Amazônia enfrentam.

A audiência abordou a falha do Brasil em cumprir e fazer cumprir as Medidas de Precaução concedidas pela CIDH em resposta à violação dos direitos dos povos Yanomami e Ye'kwana, dos povos Guajajara e dos povos Munduruku. O mecanismo de Medidas de Precaução permite à CIDH uma resposta rápida a situações graves e urgentes de risco iminente que possam causar danos irreparáveis ​​a indivíduos ou grupos de pessoas entre os 35 Estados-membros da OEA, incluindo o Brasil.

Mesmo após a Comissão ter emitido as Medidas de Precaução, houve uma escalada dos conflitos devido ao aumento das invasões de Territórios Indígenas, o que ameaça seriamente a vida, a integridade física e a saúde dos povos indígenas, além de prejudicar o meio ambiente. Nos Territórios Indígenas Yanomami e Munduruku, a situação é crítica. Existe um risco iminente de massacres de povos indígenas, em nível de genocídio!

A violência e a ameaça à vida e à integridade física dos membros do povo Munduruku tornam urgente que a CIDH exija que o Estado brasileiro tome medidas imediatas para proteger esses povos indígenas contra a expansão da mineração e, consequentemente, a disseminação da COVID-19, com transparência e em coordenação com os Munduruku e seus representantes.

Os povos Guajajara e Awá Guajá vivenciam uma situação de emergência que antecede a pandemia, mas que agora foi agravada por ela. Ações ilegais de madeireiros, ocupantes ilegais e caçadores colocam constantemente a vida dos indígenas em risco, e eles são extremamente vulneráveis ​​devido à ausência de ações e políticas eficazes para enfrentar essa situação. Há ampla evidência de ameaças, assassinatos e violência, especialmente contra líderes que estão na linha de frente da proteção de seus territórios.

Os líderes Yanomami e Ye'kwana do Território Indígena Yanomami têm alertado sistematicamente os órgãos públicos sobre os danos causados ​​pela invasão dos garimpeiros [1] — os prejuízos à sua saúde, segurança e integridade física. Com a pandemia da COVID-19, essas invasões ganharam novo ímpeto, tornando os povos indígenas ainda mais vulneráveis. Além disso, houve um aumento nos conflitos armados. Os alertas das comunidades e a sucessão de eventos ao longo do último ano atestam um cenário com risco de genocídio. Diante da inação dos órgãos governamentais locais responsáveis ​​por zelar por sua segurança e abandonados à própria sorte para se defenderem de ataques armados, os Yanomami e Ye'kwana pedem constantemente por ajuda e para serem ouvidos.


[1] Garimpeiro é uma palavra do português brasileiro que significa garimpeiro de ouro em pequena escala e informal. Embora esse tipo de mineração seja legal no Brasil, é ilegal realizar essas atividades em áreas protegidas, como Terras Indígenas. Em 2019, estima-se que 20.000 garimpeiros invadiram a Reserva Indígena Yanomami. Apesar de uma forte campanha internacional de defesa promovida pela Associação Hutukara Yanomami para pressionar o governo brasileiro a remover os garimpeiros e de uma recente ordem judicial para removê-los, os garimpeiros ainda estão lá. Para mais informações, consulte: https://news.mongabay.com/2019/07/yanomami-amazon-reserve-invaded-by-20000-miners-bolsonaro-fails-to-act/ ; https://news.mongabay.com/2021/05/brazil-court-orders-illegal-miners-booted-from-yanomami-indigenous-reserve/ . Mais recentemente, garimpeiros atacaram uma aldeia Yanomami, disparando tiros e ameaçando os moradores. Para mais informações, consulte: https://www.mining.com/deadly-shootout-in-brazils-amazon-as-illegal-miners-enter-indigenous-land/ ; https://www.bbc.com/news/world-latin-america-57157017 .

Para mais informações, entre em contato com: 

Brasil: Equipe de comunicação do CIOAB, [email protected] 

Estados Unidos: Indian Law Resource Center, Leonardo Crippa, Advogado Sênior, [email protected]