
Para liberação imediata
O Centro de Recursos de Direito Indiano discutirá violações dos direitos indígenas na Argentina e Brasil durante a 57ª Sessão do Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas: Líderes da coordenação das organizações indígenas da Amazônia brasileira (CoIAB) e da comunidade Jujuy (Argentina) falarão.
Genebra, Suíça-23 a 27 de setembro de 2024
O Indian Law Resource Center (ILRC) participará da 57ª sessão do Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas em Genebra, incluindo o Painel Anual sobre Direitos Indígenas. O painel deste ano revisará as leis, políticas, decisões judiciais e outras medidas adotadas pelos estados em conformidade com o artigo 38 da Declaração das Nações Unidas sobre os direitos dos povos indígenas.
Líderes da coordenação das organizações indígenas da Amazônia brasileira (COIAB) apresentarão ao Conselho os riscos associados à Lei 14.701/2023, atualmente em revisão pela Suprema Corte do Brasil. Esta lei ameaça restringir os direitos constitucionais dos povos indígenas através da aplicação do controverso "Marco Temporal". De acordo com essa teoria, apenas as terras que os povos indígenas ocupavam em 5 de outubro de 1988 - a data em que a Constituição do Brasil foram adotados - seria elegível para proteção. Essa política, já declarada inconstitucional pela Suprema Corte no passado, prejudicaria severamente os direitos territoriais dos povos indígenas, violando a Constituição, enfraquecendo as práticas legais e políticas estabelecidas e contradizendo acordos internacionais ratificados pelo Brasil.
Se aprovado, essa lei estabeleceria um precedente perigoso que poderia desencadear invasões de terras em massa e a exploração indiscriminada de territórios indígenas, colocando em risco gravemente a vida das comunidades indígenas.
O ILRC e a coabs estão pedindo urgentemente à comunidade internacional que age de maneira rápida e decisiva contra a implementação desta lei, que viola a Declaração das Nações Unidas sobre os direitos dos povos indígenas, a Convenção de OU 169 e a declaração americana sobre os direitos dos povos indígenas. Sua promulgação levaria a graves violações dos direitos humanos e uma nova onda de invasões de terras e destruição ambiental em territórios indígenas.
O segundo caso a ser apresentado às Nações Unidas é o da comunidade de Jujuy, Argentina, por Nétor Jerez, líder do povo Ocloya e membro do terceiro Malón de la Paz, e Beatriz Gutierrez, um líder de Kolla da área de Salinas Grandes Y Laguna de Guayatayoc. Eles denunciam as recentes políticas discriminatórias e repressão violenta realizadas pelo governo provincial contra comunidades indígenas. As reformas para a Constituição Provincial, implementadas no âmbito de uma exploração nacional de Política que promovem lítio, foram realizadas sem respeitar o bem estabelecido Princípio Legal, consentimento anterior e informado (FPIC), como estabelecida na Convenção ILO 169 e ratificada pela Argentina em 1992. Este falha viola diretamente o Artigo 3, 4, 19, 19 e 26 e 26 e ratificados pela argent em 1992.
A implementação do FPIC permanece inconsistente em muitos países. Por exemplo, no caso da comunidade El Angosto em Jujuy, Argentina, quase 80% de uma mina de lítio se sobrepõe às terras legalmente reconhecidas da comunidade Kolla. Essa sobreposição foi confirmada por um relatório da Universidade de Buenos Aires, que usou dados oficiais do governo para verificar a localização da mina em relação aos territórios indígenas. E, no entanto, nenhuma consulta ocorreu antes que a mina fosse autorizada.
A comunidade de El Angosto, em conjunto com mais de 30 comunidades da área de Salinas Grandes Y Laguna de Guayatayoc, até desenvolveu seu próprio protocolo de consulta em 2014 para garantir que seus direitos fossem respeitados em situações que envolvam a exploração de recursos - ainda que o governo provincial nem as empresas de mineração seguissem esses protocolos. Em vez disso, terras indígenas foram concedidas a empresas de mineração sem consentimento da comunidade. Esse fracasso constitui uma violação direta dos direitos dos povos indígenas. O respeito pelo FPIC não é apenas uma obrigação legal, mas uma ferramenta vital para garantir a justiça e a autodeterminação dos povos indígenas contra a exploração de recursos.
Na Argentina, o direito geral aos recursos naturais é reivindicado pelo Estado, embora os projetos sejam especificamente regulamentados no nível provincial. Atualmente, existem 17 projetos de mineração em operação (em províncias como Santa Cruz, San Juan, Catamarca, Salta e Jujuy) e três plantas de lítio em operação (duas em Jujuy e uma em Catamarca). Jujuy, que representa 43% do lítio extraído na Argentina, é a província com a terceira maior população indígena. Em Jujuy, 11 povos indígenas coexistem em aproximadamente 274 comunidades reconhecidas legalmente, enquanto outras 50 comunidades ainda estão em processo de obtenção de status legal. As zonas de exploração de lítio em juje se sobrepõem aos territórios indígenas, desrespeitando os direitos territoriais dos povos indígenas e intensificando o conflito na região.
O painel do Conselho de Direitos Humanos deste ano se concentrará na análise do impacto das leis nacionais, políticas e decisões judiciais sobre os direitos dos povos indígenas, bem como como os Estados -Membros consultam e cooperaram com comunidades indígenas. As discussões destacarão as melhores práticas e os desafios significativos que permanecem para garantir o respeito dos direitos indígenas em todo o mundo.
Como um dos principais defensores dos direitos territoriais dos povos indígenas nas Américas, o Centro de Recursos de Direito da Índia continua a promover a proteção e o respeito dos direitos indígenas nos fóruns internacionais.
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Para mais informações, entre em contato com:
Centro de Recursos de Direito Indiano
- Jenny Eck, jeck@indianlaw.org
- Jenny Salazar, jsalazar@indianlaw.org
Atribuições: Escritório das Nações Unidas em Genebra pela Falcon Photography, disponível sob uma licença de atribuição do Creative Commons 2.0 em: https://www.flickr.com/photos/falcon_33/
Recursos:
- Declaração por escrito sobre novas estruturas legais que ameaçam os direitos indígenas da terra no Brasil ( somente inglês )
- Declaração oral pela coordenação de organizações indígenas da Amazônia brasileira ( somente em inglês )
- Declaração por escrito sobre medidas legislativas regressivas para facilitar a mineração de lítio em territórios indígenas em Jujuy, Argentina ( somente espanhol )
- Declaração oral de Nétor Jerez, chefe da Ocoloya Pueblo em Jujuy, Argentina, perante a Comissão de Direitos Humanos da ONU ( somente espanhol )