
A coordenação das organizações indígenas da Amazônia brasileira (COIAB) e do Centro de Recursos de Direito Indiano (o Centro) denunciam a violação dos direitos humanos dos povos indígenas isolados e recentes contato dentro do contexto da pandemia covid-19
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A coordenação das organizações indígenas da Amazônia brasileira e do Centro de Recursos de Direito da Índia une para denunciar as violações dos direitos humanos grave e contínuos dos povos indígenas, e especialmente aqueles que vivem em isolamento voluntário ou em contato recente no Brasil. Em 15 de abril de 2020, a Coab e o Centro enviaram duas cartas-uma endereçada ao Secretário-Geral das Nações Unidas (ONU) e a outra ao Secretário-Geral da Organização dos Estados Americanos (OEA). Essas cartas destacam como a pandemia covid-19 resultou em uma crise de saúde sem precedentes, com sérias implicações para os povos indígenas isolados na Amazônia brasileira, o que coloca seus direitos humanos em risco, incluindo seus direitos à terra e à autodeterminação.
As cartas apontam como essas violações surgem de decisões governamentais específicas que ameaçam a vida desses povos. O governo federal não está adotando medidas para evitar invasões em terras indígenas por mineradores ilegais, madeireiros, agricultores, caçadores, inquilinos e outros interessados em vender predadoramente essas áreas. Até agora, o Brasil não tomou medidas para remover esses invasores. Pelo contrário, as invasões em terras indígenas estão aumentando, um fato evidenciado pelo aumento de 50% na área desmatada no primeiro trimestre de 2020 em comparação com o mesmo período de 2019, durante o qual as taxas recordes de desmatamento já haviam sido registradas em comparação com os anos anteriores. O distúrbio causado pelo surto de Covid-19 no Brasil tornou-se um fator cada vez mais significativo nas últimas semanas, à medida que os invasores aproveitam a confusão e reduziu a supervisão governamental para entrar ilegalmente em terras indígenas. Esses invasores apresentam sérios riscos para a saúde das populações indígenas, expondo-as a ainda mais ameaças, violência e doenças como o Covid-19.
A concrete example of the direct relationship between the pandemic and measures to weaken territorial rights of indigenous peoples is National Indian Foundation's (FUNAI) recent publication of a regulation that eliminates the need to issue land-owning documents for private properties that would eventually be located in areas where there are indigenous lands claimed by indigenous peoples in the demarcation process or in areas with the possible existence of isolated indigenous Povos. Anteriormente, era proibido emitir tais certificados nessas áreas, legalizando inconstitucionalmente a regularização dessas fazendas, incluindo as resultantes da captura de terras.
As cartas também destacam que o Brasil também não conseguiu desenvolver planos, ações e políticas para prevenir ou reduzir a propagação do Covid-19 em terras indígenas, especialmente em áreas habitadas por populações isoladas e recentemente contatadas. Além disso, o Brasil também não conseguiu consultar esses povos, suas comunidades e suas organizações representativas sobre o desenvolvimento de tais planos. Embora a nova doença já esteja se espalhando entre os povos indígenas da Amazônia, até agora, o governo do Brasil não tomou nenhuma medida preventiva eficaz para impedir que a pandemia atinja grupos isolados. O governo brasileiro também não agiu para prevenir ou punir as atividades criminosas dos grupos missionários que procuram tirar proveito da atual crise da saúde para forçar o contato com os povos indígenas em isolamento voluntário. Pelo contrário, um pastor com uma longa história de atividade missionária foi recentemente nomeada como coordenadora geral da unidade de contato indiana e recente isolada de Funai. Isso também incentivou os missionários a entrar ilegalmente em terras indígenas na tentativa de forçar o contato com os povos isolados.
O governo federal ainda não adotou medidas efetivas de saúde pública para proteger os povos indígenas durante essa situação pandêmica, apesar das recomendações detalhadas da sociedade civil, do Ministério Público ou do Conselho Nacional de Direitos Humanos. O governo também não adotou qualquer estratégia para o monitoramento epidemiológico das regiões onde vivem os povos isolados. Não há informações claras sobre a implementação de medidas relevantes de saúde pública nesses territórios. Se esse planejamento de políticas públicas já estiver ocorrendo, as organizações indígenas não foram solicitadas a participar dele. Muitos territórios são compartilhados por diferentes povos indígenas com vários graus de interação com a sociedade em geral e entre si. Por esse motivo, é essencial que o governo monitore as condições epidemiológicas das populações vizinhas (indígenas e não indígenas) nesses territórios.
Within the current pandemic, and considering Brazil's near complete failure to take sound public health measures in conjunction with indigenous peoples to limit or prevent the spread of COVID-19, these invasion and human rights violations threaten the very existence of indigenous peoples and may soon lead to the genocide of many isolated and recently contact indigenous populations, whether due to the direct violence of the invaders or to epidemiological risks given their lack of imunidade a doenças infecciosas.
A Coab e o Centro de Recursos para Direito Indiano solicitam à ONU e à OEA que tomem medidas urgentes para investigar essa situação de violações de direitos humanos de povos isolados e recentemente contatados no Brasil e fazer recomendações ao governo federal sobre garantir o cumprimento dos padrões relevantes de direitos humanos. As duas cartas também são um chamado para a comunidade internacional para agir imediatamente para proteger os povos que optaram por viver isoladamente, bem como todas as populações indígenas da Amazônia.
Contatos para a imprensa:
Coab - Conselheiro de Comunicações: Maria Emília Coelho
E-mail: comunicacao@coiab.org.br / tel: +55 (68) 9999-06844
Centro de Recursos de Direito Indiano: Leonardo Crippa
E-mail: lcrippa@indianlaw.org / tel: +1 (202) 547-2800 ext. 105