A Comissão Interamericana de Direitos Humanos (Comissão Interamericana) publicou um importante relatório inédito, Mulheres Indígenas e seus Direitos Humanos nas Américas, baseado em informações de mulheres e líderes indígenas. O relatório, que destaca os direitos humanos das mulheres indígenas nas Américas, discute as formas de discriminação enfrentadas por elas e como essa discriminação aumenta sua exposição à violência e limita seu acesso à justiça e aos seus direitos econômicos, sociais e culturais.
Durante anos, o Centro de Recursos Jurídicos Indígenas tem trabalhado com seus parceiros, o Centro Nacional de Recursos para Mulheres Indígenas, o Congresso Nacional de Índios Americanos e outros, para chamar a atenção internacional para a violência contra mulheres indígenas por meio da Organização dos Estados Americanos (OEA), incluindo sua Comissão Interamericana. A OEA é a mais antiga organização internacional de direitos humanos, composta por 35 países (estados) das Américas, incluindo os Estados Unidos.
Em 2008, em nome de diversas organizações sem fins lucrativos e governos tribais, o Indian Law Resource Center e o Sacred Circle National Resource Center to End Violence Against Native Women apresentaram um parecer jurídico em apoio a Jessica Gonzales Lenahan, que apresentou o primeiro caso de direitos humanos envolvendo violência doméstica contra os Estados Unidos em qualquer órgão internacional. O caso, que envolvia a omissão deliberada da polícia local em fazer cumprir uma ordem de proteção contra violência doméstica, não ocorreu em território indígena. No entanto, teve implicações importantes para as mulheres indígenas americanas e nativas do Alasca, que raramente veem seus agressores levados à justiça.
Em 2011, o Centro e seus parceiros, a Força-Tarefa da NCAI sobre Violência contra Mulheres Indígenas e o Centro Nacional de Recursos para Mulheres Indígenas, participaram da primeira audiência temática sobre violência contra mulheres indígenas americanas e nativas do Alasca nos Estados Unidos perante a Comissão Interamericana. A audiência informou a Comissão e seus especialistas sobre os níveis extremos de violência sofridos por mulheres indígenas americanas e nativas do Alasca nos Estados Unidos e sobre o sistema jurídico discriminatório que não as protege da violência e nega às sobreviventes um acesso efetivo à justiça. A Comissão expressou preocupação com a violência contra mulheres indígenas nos Estados Unidos, observando que tais situações tendem a ser acompanhadas de impunidade e instando os Estados Unidos a combater essa violência por meio de leis, políticas e programas. Desde então, temos continuado a informar a Comissão Interamericana sobre essa questão para aumentar a conscientização internacional, envergonhar os Estados Unidos por seu sistema jurídico discriminatório que protege menos as mulheres indígenas e obter uma ação federal forte com o objetivo de pôr fim a essa crise de direitos humanos em territórios indígenas e aldeias nativas do Alasca.
Entre outras coisas, o relatório da Comissão inclui princípios orientadores e recomendações para ajudar os Estados na prevenção e resposta a essas violações contínuas dos direitos humanos que afetam as mulheres indígenas.
Leia o relatório completo sobre mulheres indígenas e seus direitos humanos.
Comunicado de imprensa 169/17 da CIDH