
Tradução portuguesa para inglês fornecida pelo Indian Law Resource Center
On Tuesday, October 6, 2020, the Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB), in conjunction with the Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia (COIAB) and the Indian Law Resource Center, denounced the main violations committed against the rights and lives of indigenous peoples that have occurred in the past seven months of the Covid-19 pandemic during a Audiência temática convocada pela Comissão Interamericana de Direitos Humanos (IACHR). A audiência, que lidou com os impactos do coronavírus nos povos indígenas no Brasil, ocorreu dentro da estrutura do 177º período de sessões do IACHR. A APIB e a Coiab abordaram o papel do governo Bolsonaro em agravar violações dos direitos humanos durante uma crise de saúde pública.
Em setembro de 2020, mais de 50% dos povos indígenas do Brasil foram diretamente afetados pelo novo coronavírus. É uma situação alarmante que piora todos os dias, porque, além da ameaça do vírus, os povos indígenas enfrentam racismo, desmatamento ilegal, agronegócio, captura de terras e muitos outros crimes que continuam a avançar em seus territórios.
Para o APIB, o governo federal tem sido o principal vetor para espalhar o novo coronavírus entre os povos indígenas, seja devido à falta de atenção ou por ações diretas que incentivam aumentos nos crimes em territórios indígenas. Por exemplo, as ações do atual presidente e representantes de alto escalão do governo federal durante essa crise humanitária e de saúde globais incluem discursos carregados de racismo e ódio, além de decretos, medidas provisórias e projetos de lei que buscam legalizar crimes e diminuir os direitos constitucionais dos povos indígenas.
Os dados do Comitê Nacional de Vida e Memória Indígenas, um banco de dados criado pelo APIB para monitorar casos de coronavírus, indica que 828 indígenas morreram de Covid-19 e outros 33.412 foram infectados, afetando 158 povos no total. De fato, as mortes de covid-19 entre os povos indígenas do Brasil são maiores que o número total de mortes da população em geral em seis países da América do Sul.
Em maio de 2020, o atual governo certificou 114 fazendas no sistema de gestão de terras do Brasil, Sigef, que atravessou trechos de terras indígenas não demarcadas. Juntos, essas fazendas ocupam mais de 250.000 hectares de terras indígenas. Esse crime de invasão da terra é abertamente encorajado pelo governo federal no meio da pandemia.
Com o maior número de povos indígenas infectados, a Amazônia brasileira é a região mais impactada. Os estados mais afetados foram Amazonas, Mato Grosso, Pará e Roraima.
O primeiro caso confirmado de Covid-19 entre os povos indígenas demonstra que o governo de Bolsonaro é o principal responsável pela entrada do vírus em muitos territórios. Por exemplo, a falta de protocolos do Secretariado Especial para a Saúde Indígena (SESAI) fez com que um agente de saúde designado para o povo Kokama fosse infectado em 25 de março, no município de Santo Antônio do Içá, no estado da Amazonas. A infecção foi atribuída a um médico de São Paulo, que foi infectado pelo vírus, que viajou para o município a pedido de Sesai. A região de Alto Rio Solimões, onde ocorreu o primeiro caso, tem a maioria dos casos e mortes confirmados entre os povos indígenas. O povo Kokama, que tem muitas comunidades nesta região, tem o segundo maior número de mortes registradas no Brasil com 58 parentes falecidos.
A participação da APIB no 177º período de sessões do IACHR faz parte de um esforço que visa denunciar o governo brasileiro e exigir o cumprimento de sua responsabilidade constitucional de proteger os povos indígenas.
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Brasil: a equipe de comunicação da APIB comunicacao@apiboficial.org
Estados Unidos: Leonardo Crippa lcrippa@indianlaw.org