Tradução oficial para o espanhol
17 de outubro de 2012
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Washington, DC — O Centro de Recursos Jurídicos Indígenas está profundamente preocupado com a resposta violenta do Estado da Guatemala ao protesto pacífico do povo maia k'iche' em 4 de outubro de 2012.
Em vez de dialogar com os povos indígenas envolvidos, o governo guatemalteco empregou forças armadas militares e policiais para dispersar os manifestantes, o que resultou na morte de 8 indígenas e deixou mais de 30 feridos. Essa é uma resposta alarmante do Estado, que fica muito aquém dos padrões democráticos contemporâneos. O presidente Otto Pérez Molina deve evitar revisitar o passado violento da Guatemala, marcado pela opressão e pela violência estatal contra os povos indígenas.
O povo maia k'iche' organizou um protesto pacífico no departamento de Totonicapán, exigindo que o governo se atenha a um processo de diálogo e consulta em relação às propostas de reformas constitucionais, ao aumento do custo da energia elétrica e às mudanças nos serviços educacionais. Devido à persistente falta de reconhecimento e proteção dos direitos coletivos dos povos indígenas por parte do Estado, eles são forçados a recorrer à mobilização social e aos protestos como forma de chamar a atenção para a injustiça que enfrentam perante as leis e políticas estatais.
O Centro condena esses atos violentos e apela ao governo da Guatemala para que:
- Cumprir os padrões da Declaração das Nações Unidas sobre os Direitos dos Povos Indígenas, que exige que os governos garantam a participação plena e efetiva dos povos indígenas na tomada de decisões quando as medidas propostas pelo Estado os afetarem.
- Abstenha-se imediatamente do uso de forças militares contra povos indígenas que buscam dialogar com o governo e participar dos processos de tomada de decisão.
- Realizar uma investigação imediata dos fatos ocorridos em Totonicapán, a fim de identificar e punir tempestivamente os responsáveis pelas mortes dos oito manifestantes indígenas.
- Avaliar o papel geral das forças militares em tempos de paz, rever o seu protocolo, treinar o seu pessoal e abster-se de as utilizar como resposta a manifestações sociais.
O governo da Guatemala deve cumprir suas obrigações em matéria de direitos humanos internacionais, especialmente a obrigação de respeitar o direito à vida dos povos indígenas, um pré-requisito para o exercício de todos os outros direitos protegidos pela Convenção Americana sobre Direitos Humanos e pela Declaração da ONU.
Apelamos à comunidade internacional, aos nossos amigos e aliados para que se manifestem contra esta tragédia e ajudem a proteger os direitos dos povos indígenas na Guatemala.
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Abaixo, você encontrará recursos adicionais, disponíveis apenas em espanhol:
- Entrevista com Maria del Carmen Tacam, Presidente dos 48 Cantões de Totonicapán ( http://www.youtube.com/watch?v=GFJ7F8V0460 ), onde ela explica os eventos de 4 de outubro de 2012 e indica que, devido à falta de resposta do Governo, o povo de Totonicapán teve que agir. Ela faz um apelo ao povo de Totonicapán para que mantenha a calma e a união.
- Declarações do Deputado Amilcar Pop no Congresso:
1. http://www.youtube.com/watch?v=nqQRyWnEud4 - condena o ataque contra o povo de Totonicapán, expressa preocupação com a resposta militar e pede ao Congresso que investigue o caso. Exige uma investigação para apurar quem deu a ordem para atirar contra os manifestantes. O Congresso deve ao corajoso povo de Totonicapán uma investigação completa.
2. http://www.youtube.com/watch?v=65HOKjdmvJg - Vídeo de uma reunião convocada pelo Deputado Amilcar Pop com o Procurador-Geral de Direitos Humanos, o Ministro da Defesa Nacional e outros ministros que foram convidados, mas não estavam presentes. A sessão foi convocada para discutir a resposta militar ao protesto em Totonicapán. O Deputado Pop reiterou que os militares têm o dever de proteger o povo da Guatemala, e não de agir contra ele.